COLUNA DO AGENOR – “VOLUME MORTO” OU GOVERNO MORTO?

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imagem volume morto.
Depois de um agradável giro de uma semana por Belém do Pará, não somente me deliciando com a contemplação de um impressionante volume de água doce – coisa que está ficando rara por nossas bandas -, bem como extasiado com a visão incomensurável de tanto verde, mesclado com a chuva e o calor acima de 33 graus, faço uma rápida transição para o frio intenso da bela “Cidade das Flores”, a tradicional Maracás-BA, próxima a Jequié, com temperatura variando entre 13 e 20 graus. Assim, em curto espaço de tempo convivi com os ritmos do Carimbó paraense e o forró do S. João nordestino.

Naturalmente que, nesse tempo festivo, seria natural um ligeiro afastamento dos noticiários que agitam a vida nacional. Contudo, ao chegar tomei conhecimento de que o tema “VOLUME MORTO” passou a ter nova valorização e ênfase em todos os jornais. Como a expectativa era de mais chuvas em São Paulo e assim o abastecimento e o consumo de água estariam voltando à normalidade nesse grande Estado da Federação, procurei entender melhor o que estava acontecendo. As imagens que nos apresentam dos reservatórios nessa condição, revelam a tristeza de uma barragem que esgotou o seu manancial de água de boa qualidade, que atendam às necessidades básicas de consumo da população. O pouco de água que resta no fundo do seu leito passa a ser uma reserva técnica poluída e imprópria para o uso senão com um alto processo de purificação e tratamento.

Não é que, surpreendentemente, a retórica da oposição ao governo Dilma foi assumida pelo Papa do petismo nacional, Lula, “O Criador”, que, nesta semana, distribuiu diatribes para todo lado não somente contra a Presidente Dilma, “A Criatura”, mas, sobretudo, contra o PT e os petistas em geral!!! Vejam os leitores de sã consciência, se é possível alguém conceber que essas frases tenham sido ditas pelo mentor intelectual de toda essa situação que aí está: “Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto […] Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao país? Ela não lembrava. […] Aquele gabinete (presidencial) é uma desgraça […] O Governo parece um governo de mudos […] Os petistas hoje só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito […] Os caras só entram para pedir alguma coisa”. (Jornal O Globo e Folha). Indignado com os insucessos do governo e do PT, ele foi contundente nas acusações e esqueceu de uma regra básica de que roupa suja se lava em casa. Sou levado a admitir, contudo, que ele acertou inteiramente na sua confissão ou “mea-culpa”, ao fazer a analogia da barragem seca com o substrato político-partidário que aí está. Sem qualquer ironia, as suas frases curtas e emblemáticas passam a ideia de um texto elaborado para um provável epitáfio!

As duras declarações feitas pelo ex-presidente, perante padres, bispo e líderes de entidades religiosas, no auditório do seu Instituto Lula, em São Paulo, só não tiveram até agora o impacto esperado, porque ele ainda carrega sobre os ombros o “Manto do Mito”, e consegue preservar a fidelidade de uma parte crente do eleitorado, que começa, ainda que lentamente, a enxergar um discurso que se deteriorou ao longo do tempo e perdeu a consistência durante a trajetória desgastante no poder, do qual querem se apoderar para sempre!

A reconhecida habilidade do ex-presidente, capaz de atrair para o seu credo as mais esdrúxulas alianças políticas, parece sucumbir diante do seu auto reconhecimento de que todo o conjunto político que comanda não passa, atualmente, de um “Volume Morto”. O fato mais evidente é que não existe um Projeto Global voltado para os interesses do Brasil, mas sim para atender aos anseios pessoais de um seleto contingente de “companheiros”, conforme as próprias palavras do Lula: “Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto”. Só não disse qual projeto!

Era de se esperar que num encontro como esse realizado no Instituto Lula, a discussão dos temas nacionais fosse uma prioridade fundamental, objetivando extrair daqueles líderes ideias que pudessem ser úteis na reformulação de um projeto de governo, tentando redirecionar a política e a economia do País. O que se evidenciou, porém, foi a volta do discurso personalista pleno de ataques ao próprio governo que patrocina e uma visível disposição de desgastar a imagem já muito rejeitada da “Criatura” Dilma, a fim de que o seu “Criador” retorne como o salvador da pátria em 2018, e na condição daquele ditado: “por cima da carne seca”, que eu acrescentaria seca e morta! Que triste sina… Brasil!

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Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Belém-PA.

CONTRIBUIÇÃO DO:Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade 28/06/2015

Florisvaldo Ferreira dos santos

Consultor de Seguros e Benefícios