Nos últimos anos, o fechamento de agências bancárias no interior da Bahia tem causado transtornos não apenas para os moradores, mas também para os trabalhadores do setor. Entre janeiro de 2020 e junho de 2025, 1.651 bancários foram demitidos no estado, segundo dados do Sindicato dos Bancários da Bahia.

Bradesco Lidera Demissões e Fechamentos
O Bradesco foi o banco que mais demitiu no período, com 706 cortes, além de ter desativado agências e postos de atendimento em 36 cidades baianas entre outubro de 2023 e março de 2024. A justificativa da instituição é a modernização e priorização dos canais digitais, alegando que 98% das operações já são realizadas online.
Em nota, o banco afirmou que está transformando agências tradicionais em unidades de negócios, visando otimizar o atendimento. No entanto, sindicalistas contestam essa estratégia.
“Os bancos dizem que vão realocar, mas há excesso de gerentes e supervisores. O que vemos são demissões”, afirma Ronaldo Ornelas, diretor do Sindicato dos Bancários.
Outros Bancos Também Reduzem Postos de Trabalho
Além do Bradesco, outras instituições financeiras também reduziram seus quadros na Bahia:
-
Itaú Unibanco: 344 demissões
-
Santander: 219 demissões
-
Banco Safra: 137 demissões
-
Banco do Brasil: 109 demissões
-
Caixa Econômica Federal: 93 demissões
Impacto nas Cidades do Interior: Moradores Prejudicados
O fechamento das agências tem sido especialmente crítico em municípios onde elas eram as únicas opções para serviços bancários. Em Rio do Pires e Palmeiras, por exemplo, os moradores agora precisam se deslocar até 50 km para resolver questões financeiras básicas.
Atualmente, 199 dos 417 municípios baianos (47,72%) não têm nenhuma agência bancária, segundo levantamento do sindicato.
Sindicato e Procon Buscam Medidas Judiciais
Diante da situação, o Sindicato dos Bancários se reuniu com o Procon-BA em maio, em Salvador. A proposta é pressionar o Ministério Público para impedir novos fechamentos, baseando-se em uma decisão recente no Maranhão, onde a Justiça suspendeu o encerramento de agências do Bradesco em 16 cidades.
Para Thaise Mascarenhas, vice-presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, os bancos estão abandonando seu papel social:
“As empresas investem na digitalização, mas repassam os custos para os clientes e promovem cortes em massa para aumentar seus lucros”.
Febraban Defende Digitalização, Mas Não Informa Dados
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ao ser questionada, afirmou que não possui dados sobre fechamentos, mas confirmou a tendência de migração para o digital, citando mudanças no perfil do consumidor como justificativa.
Conclusão: Um Problema que Vai Além da Modernização
Enquanto os bancos alegam eficiência e modernização, trabalhadores e moradores do interior sofrem com a falta de acesso a serviços essenciais e o aumento do desemprego. A questão levanta um debate importante: até que ponto a digitalização pode excluir parte da população?
O que você acha desse fechamento massivo de agências? Deixe sua opinião nos comentários!