As notas das escolas que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 foram divulgadas essa semana e o que já sabíamos foi comprovado: nenhuma unidade pertencente à rede estadual de ensino da Bahia figura entre as 20 melhores do estado. Observando a lista visualizamos com dificuldade a primeira gerida unicamente pelo governo beirando a 150ª colocação entre as instituições de ensino da Bahia e a 4.493ª quando falamos em ranking nacional. Afinal, quais as causas desse panorama desalentador?
Ausência de capacitação continuada para os docentes, projetos pedagógicos frágeis, paralisações quase intermináveis como a que ocorreu em 2012 e durou mais de 100 dias na Bahia, são fatores considerados fundamentais para o péssimo resultado das escolas da rede estadual baiana.
Por sua vez, escolas bem colocadas Brasil afora divulgam a receita do sucesso que inclui a busca incessante por recursos para trabalhar com tecnologia, planejamento de metas desde o início do ano letivo, desenvolvimento de projetos curriculares inovadores que motivem os jovens, educação em período integral e a proximidade entre professores e alunos.
Sem contar que o empenho da equipe gestora é indispensável para alcançar bons resultados. A partir disso é que os professores em sala de aula e fora dela procuram métodos para enriquecer suas aulas e criar projetos atrativos para alunos cada vez mais críticos e de difícil convencimento.
Ficou claro também que nem sempre as escolas mais caras são garantia de qualidade; no entanto, muitas das que figuram no alto da lista cobram mensalidades entre R$ 2 e R$ 4 mil com docentes ganhando acima dos R$ 10 mil – quase 10 vezes mais que o piso nacional – e a grande maioria do quadro é integrada por profissionais com mestrado. Nessas unidades os professores têm à disposição recursos multimídia com acesso à internet.
Sabemos sim que nos situamos a quilômetros de distância dessa realidade mas podemos, desde já, entender que é urgente a adoção de uma nova política educacional para o ensino médio na rede estadual da Bahia.
Não podemos permitir que jovens baianos de classe baixa sejam lançados à margem da educação de qualidade, absolutamente alijados de um processo que cobra resultados contrários dos apresentados porque é indiscutível que o mercado de trabalho não perdoa os menos capacitados.
Vamos perseguir o foco que acreditamos: se entendemos a exclusão social como fator preponderante para o aumento da violência e das desigualdades precisamos, na outra ponta, investir pesado na educação. Mas com um detalhe indispensável: que esses investimentos não tenham fins eleitoreiros.
Por: João Carlos Bacelar (Reprodução Política Livre)