Neste 20 de setembro de 2025, celebramos, com saudade e reverência, os 108 anos de nascimento de Evilazio Lunguinho de Carvalho — um sertanejo autêntico, cuja memória permanece viva como inspiração para todos que o conheceram. Embora não esteja mais entre nós, sua história segue renovando-se em cada lembrança, como a natureza que se reinventa a cada estação. Se ainda aqui estivesse, certamente continuaria a realizar grandes feitos, pois viveu intensamente cada etapa de sua vida.
Origem e família
Evilazio nasceu em 20 de setembro de 1917, no povoado de Jacuricí, município de Itiúba, Bahia. Era o terceiro de seis irmãos — Maria, Leôncio, Alexandrina, Lili e Honória, todos já falecidos.
No dia 27 de julho de 1943, casou-se em Cansanção com Domingas Ferreira dos Santos (Dunga), estabelecendo residência na Fazenda Laje do José. Dessa união nasceram dez filhos, dos quais cinco faleceram ainda na infância. Os sobreviventes são: Silvia, Argemira, Florisvaldo, Adão (este falecido em 2017) e Maria das Graças. Além deles, adotaram também Hermínia de Moraes (Mirá), que viveu junto à família até a década de 1970.
Vida simples, mas grandiosa
Homem humilde, trabalhador e profundamente respeitado, Evilazio criou seus filhos com o suor do rosto. Dedicava-se à agricultura e à criação de um pequeno rebanho de caprinos, ovinos, suínos e aves. De terça a domingo, o trabalho era árduo na roça; às segundas-feiras, levava seus produtos à feira livre de Cansanção, transportando-os no lombo dos animais.
Apesar de ter frequentado apenas a educação básica, transformou-se em referência para a comunidade. Lia e escrevia cartas para os vizinhos que não sabiam, sendo um elo de comunicação e esperança para muitos. Ele mesmo costumava dizer:
“A única escola que frequentei foi a roça, com a enxada como caneta e o chão como caderno.”
Música e convivência
Além da lida no campo, Evilazio tinha grande talento musical. Ao lado de sua irmã Honória, formava uma dupla de cantadores que alegrava encontros e noites sertanejas. Tocava e cantava modinhas, valsas e repertórios de artistas da época, como Noca do Acordeon.
O vizinho e amigo João da Macena (Joãozinho do Cornélio) deixou um depoimento que traduz o espírito dessa convivência:
“Quantas noites de luar, eu, minha irmã Judite e Tio Salú íamos visitá-lo em sua residência para bater papo e ‘bater nas cordas de um violão’. Escutávamos, participávamos das modinhas ou valsas que Evilazio cantava com maestria. Tudo isso está registrado em minhas memórias. Muito obrigado pela bela recordação. Valeu!”
Liderança e respeito
Em 1954, graças ao seu caráter conciliador, foi nomeado Inspetor de Quarteirão pelo então prefeito do Município, João Andrade, cargo que exerceu até a década de 1980. Suas decisões eram respeitadas e acatadas pela comunidade, reforçando a autoridade moral que sempre o acompanhou.
Legado
Evilazio faleceu em 2 de dezembro de 1991, deixando viúva Dona Domingas, que veio a falecer em 9 de abril de 2013. Sua descendência é numerosa: 10 filhos, 14 netos, 30 bisnetos e 5 trinetos, todos guardando, em suas vidas e histórias, o legado de dignidade, trabalho e valores que ele plantou.
Sua trajetória, marcada pela simplicidade, pela música, pelo trabalho e pela solidariedade, permanece como um patrimônio imaterial para sua família e para a comunidade onde viveu.
Fontes de pesquisa: Florisvaldo Ferreira dos Santos, Lourenço de Carvalho (Louro), Delvaer de Carvalho, Donata Carvalho, Nede de Carvalho, Varlene Fernandes dos Santos, Silvia Coelho, Mainar Coelho, Maria das Graças, Argemira Carvalho, Sérgio de Mainar, Maria Auxiliadora, Antônio Cesar, Nelson de Carvalho, João da Macena, entre outros.
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade
1 comentário
Orgulho do meu avô e do agora vovô da Helena! Excelente matéria