Por: Florisvaldo Ferreira dos Santos
Houve um tempo em que a chegada da primavera era anunciada pelo canto dos pássaros ao amanhecer, pelo perfume das flores que brotavam nos quintais, pelas cores que transformavam as ruas em cenários de festa. Era a estação da esperança, do renascimento, do recomeço.
Ontem, porém, o dia 22 de setembro nos pregou uma peça amarga. Em vez de flores, ventos. Em vez de pétalas, destroços. São Paulo foi surpreendida por uma tempestade feroz, que em poucos minutos derrubou centenas de árvores, danificou casas e deixou um rastro de susto e desalento. Pela bondade do Criador, não houve vítimas fatais – mas ficou no ar a sensação de que algo se rompeu entre o homem e a natureza.
Seria apenas um fenômeno natural, um acaso desses que se repetem nos ciclos do tempo? Ou estaríamos diante de um grito de advertência?
Tínhamos isso antes?
Ou será que a natureza, cansada de tanto descuido, resolveu extravasar sua ira?
As perguntas se multiplicam. O aquecimento global, as queimadas, o desmatamento, o concreto que sufoca o verde – tudo isso parece cobrar a conta. E a primavera, outrora tão dócil e acolhedora, parece ter se transformado em mensageira da fúria.
No coração, resta a saudade de primaveras mais brandas, quando o vento trazia apenas o frescor das flores, não o medo de sua violência. Talvez seja esse o recado que a estação nos deixa: se queremos de volta a poesia das flores, precisamos devolver à natureza o respeito que lhe falta.
E se até a primavera já se anuncia em revolta, o que esperar dos próximos outonos e verões?
Talvez a pergunta que não se cala seja: até quando a natureza suportará a nossa indiferença?
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
2 Comentários
O texto nos lembra que a primavera já foi celebrada como tempo de renovação, de cores e perfumes que enchiam o cotidiano de esperança. Hoje, porém, as estações carregam sinais de desequilíbrio: enchentes, secas, calor extremo. A natureza parece gritar onde antes apenas sussurrava. Esse contraste nos convida a refletir: até quando suportaremos ignorar o recado que ela nos dá? Se quisermos resgatar a poesia das flores e o canto dos pássaros, precisamos devolver à natureza aquilo que lhe foi negado — cuidado, respeito e harmonia. O futuro depende da escolha que fazemos agora.
Nós últimos anos, as intervenções humanas na natureza têm sido cada vez maiores, nosso planeta hoje chora, pois quem deveria cuidar destrói, quem deveria zelar não mantém. Nos seremos os autores da nossa própria extinção.