É normal o cidadão conviver no dia a dia com situações variadas em sua vida, entre coisas boas e ruins, momentos tristes e alegres, tragédias reais ou prometidas, e assim vai conciliando as suas emoções de acordo com a intensidade dos fatos, ou diante da forma que se apresentam.
Nas intempéries advindas das tragédias da vida, elas podem ser previsíveis ou imprevisíveis, decorrentes de ações regulares da natureza ou provocadas pela intervenção maléfica do próprio homem.
Quando o noticiário registra a ocorrência de calamidades pelo mundo, através da atividade de vulcões, terremotos, tornados, etc., popularmente é costume se dizer por aqui que “Deus é brasileiro”, frase que traduz um sentimento de ufanismo e passa a idéia de povo privilegiado pelo Criador. Contrariando esse pensamento, o outro lado diz que o Divino daria uma resposta meio contundente: “Vocês vão ver o povo que coloquei lá!”.
Esse tipo de diálogo popular tem suas incongruências, porque não se pode usar o nome de Deus em vão, nem generalizar a maldade contra o povo brasileiro de forma conceitual. Mas, é natural que em meio ao universo de gente de caráter, dignidade e respeito, sempre haverá as exceções que maculam, porque a linha de conduta trás a mancha da desonra e da corrupção.
O Brasil, hoje com 525 anos, tem uma história configurada em capítulos com matizes os mais diversos, sendo uns revestidos do brilho que alegra e outros com efeitos negativos que nada enobrecem o seu povo. Ao longo desse tempo os desvios de comportamento no Poder Público transcendem todos os limites e tem a sua marca vergonhosamente potencializada, em decorrência dos repetidos escândalos na conduta dos gestores que nele atuam, com pontuais exceções. A corrupção tem sido o principal rótulo.
Essas preliminares objetivam permitir a todos a compreensão da existência de tantos escândalos no País, e o fato de que todos estão atrelados à prática do crime de roubar o dinheiro público ou de terceiros, a exemplo do atual “Escândalo da Previdência”, que parece já de maior gravidade do que o escândalo “Fraudes da Previdência”, praticadas pela advogada Jorgina de Freitas, no período de 1984/1991. Condenada a 14 anos, morreu na prisão em 19/07/2022.
A rotina já consagrada no País é que as investigações si quer conseguem chegar à sua fase final e logo outro escândalo se faz presente. Para muitos é uma forma programada de desviar a atenção, conforme sejam os nomes envolvidos, ou a natureza do crime.
Uma regra inadmissível posta em prática pelo Governo Federal sempre que inicia a composição do seu Ministério, é escolher nomes com imagens comprometidas na cena do crime, só pelo fato de pretender agradar os Partidos que apoiaram o eleito, sem a preocupação de examinar a vida pregressa do indicado.
Por exemplo, o Sr. Carlos Lupi foi nomeado Ministro do Trabalho em 2007, durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, ocupava o cargo de presidente nacional do PDT, partido da base aliada do governo, e tinha na carreira política um mandato como Deputado Federal pelo Rio de Janeiro.
Mantido no cargo por Dilma, que sucedeu Lula na Presidência, Lupi permaneceu até dezembro de 2011. Sua saída foi motivada por uma série de denúncias, entre elas a de convênios irregulares com ONGs e a de ter viajado em um jatinho de propriedade de uma organização que mantinha convênio com o Ministério. Lupi negou as acusações, mas isso não foi suficiente para mantê-lo no cargo. A Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou a sua saída e, após uma reunião com a Presidente Dilma, ele entregou o posto. Após a eleição de Lula, em 2022, quem ele chamou para Ministro da Previdência? Carlos Lupi! O mesmo que, após deixar o Ministério do Trabalho, declarou numa entrevista: “só aceito Ministério que tem dinheiro”!
“Ele deixa o cargo após dois anos e quatro meses, pressionado pelo escândalo da fraude bilionária no INSS. Apesar de não ter sido citado nas investigações da Polícia Federal, o então ministro foi cobrado por ter sido alertado sobre as irregularidades e não ter tomado providências.” (https://www.gazetadopovo.com.br/republica/denuncias-lupi).
Parece que esse mal não tem cura, é como uma doença incurável, que passa os tempos, passa governos, e aquela praga que só se alastra e só infecta quem assume cargos que deveriam cuidar com responsabilidade, e não ROUBAR descaradamente. E assim nossa memória desperta convicta de que JÁ VIMOS ESSE FILME ANTES!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador- BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
4 Comentários
O ARTIGO É POR DEMAIS PERTINENTE. TUDO A VER COM ESSA INFELIZ E VERGONHOSA REALIDADE QUE SE VIVE E QUE VEMOS. BEM QUE O TÍTULO PODERIA SER TAMBÉM ASSIM: “TODOS OS DIAS A GENTE VER ESSE FILME”. MAS TÍTULO E CONTEXTO ESTÁ TUDO PERFEITO. TOMARÁ ESSE ARTIGO CHEGUE AOS LUGARES ONDE A FALTA DE VERGONHA IMPERA DIARIAMENTE .
Agenor, muito boa sua crônica. Infelizmente os escândalos se sucedem no país, esse roubo. nos aposentados do INSS é revoltante e atinge cifras astronômicas. Duvido que algum corrupto devolva o que tirou fraudulentamente. Parabéns. (Salvador-BA.
Pois é, meu caro Agenor, o nosso país com tantas riquezas e não evolui o necessário por conta da corrupção. Era pra ser um país de tamanho gigante se não fosse esta doença incurável. (Uibaí-BA),
Caro Agenor, bom dia!
Realmente, quem já passou dos 40 já assistiu a esse filme — e não foi só uma vez.
Se ainda estivesse entre nós, a ex-advogada Jorgina de Freitas talvez soltasse um suspiro resignado e exclamasse:
“Eu, uma humilde advogada, virei símbolo do ‘Escândalo da Previdência’ em 1992. Fui presa, condenada, virei manchete. E agora? O que será reservado aos nobres senhores Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, e Carlos Lupi, ministro da Previdência Social? Um documentário no Globoplay? Uma medalha de mérito republicano?”
Jorgina, como se sabe, foi apontada como cabeça de um esquema que desviou milhões da aposentadoria alheia — aquele detalhe insignificante chamado “dinheiro do povo”. O grupo operava na Baixada Fluminense com a participação de advogados, contadores e juízes, ou seja, um verdadeiro consórcio do bem. Foi condenada a 14 anos e morreu na prisão em 19 de julho de 2022.
Mas parece que a fila andou. O roteiro agora tem novos protagonistas — e, quem sabe, até uma trilha sonora especial para embalar a indignação de aposentados e pensionistas. Afinal, tradição é tradição.