Por Florisvaldo Ferreira dos Santos
Durante anos, a sombra daquele doloroso 7 x 1 contra a Alemanha pairou sobre o futebol brasileiro como uma nuvem carregada que insistia em não dissipar. O trauma abalou o orgulho nacional, esfriou paixões e gerou uma descrença coletiva, principalmente quando se tratava da Seleção Brasileira. Muitos torcedores se afastaram emocionalmente do nosso esporte mais querido, trocando o entusiasmo por desconfiança e silêncio.
Mas eis que surge uma nova esperança – e ela não veio da Seleção, mas sim dos clubes brasileiros que, com garra e espírito coletivo, protagonizaram uma campanha memorável no Mundial de Clubes de 2025, disputado nos Estados Unidos. Flamengo, Palmeiras, Botafogo e Fluminense representaram o Brasil com dignidade, coragem e talento. E, mais do que isso, reacenderam a chama da paixão que parecia apagada.
O desempenho dos quatro clubes encantou não só os torcedores das próprias agremiações, mas também os amantes do bom futebol. Foram jogos vibrantes, com raça, técnica e, principalmente, com entrega coletiva – algo que tem faltado quando os mesmos atletas vestem a camisa da Seleção Brasileira.
Mesmo os times que não avançaram até as semifinais, como Botafogo e Flamengo, deixaram em campo um exemplo de luta. O Palmeiras, embora eliminado nas quartas de final, também demonstrou bravura e manteve viva a tradição de representar bem o país em torneios internacionais.
Mas é o Fluminense, com seu futebol envolvente e estratégico, que carrega agora as esperanças do torcedor brasileiro na reta final da competição. E o mais bonito é perceber que a torcida brasileira, independentemente do clube de coração, está unida em apoio ao tricolor carioca. Há um entusiasmo no ar que há tempos não se via. A cada passo do Fluminense, cresce a torcida, o orgulho e a esperança – como se o futebol brasileiro estivesse, finalmente, reencontrando sua alma.
Chama a atenção também um ponto que precisa ser dito com clareza: quando vestem as camisas de seus clubes, nossos jogadores mostram algo que não têm conseguido repetir pela Seleção – jogam como equipe. No contexto dos clubes, a vaidade dá lugar ao coletivo, e todos se colocam a serviço do time, jogando com e para os companheiros. Diferentemente do que se vê nas convocações da Seleção, onde a preocupação muitas vezes parece ser mais com jogadas de efeito ou com a vitrine pessoal do que com o objetivo comum.
Este Mundial de Clubes de 2025 pode não ter terminado ainda, mas já cumpre um papel extraordinário: devolveu ao brasileiro o orgulho do futebol bem jogado, comprometido e coletivo. Não importa quem será o campeão – embora torçamos fortemente para que seja o Fluminense. O que importa é que o futebol nacional volta a pulsar nos corações dos torcedores. E isso, por si só, já é uma conquista do tamanho de um título mundial.
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