A recente derrubada de oito vetos presidenciais relacionados ao setor energético acendeu um alerta no governo Lula, revelando tensões entre ministros e expondo divergências na base aliada. A medida, que pode encarecer as contas de luz em até 3,5%, segundo a Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres), gerou uma troca de acusações nos bastidores e deixou claro que nem todos no Planalto concordam com a estratégia adotada.

O Conflito entre Ministros
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) se opuseram ao acordo fechado pela ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) com líderes do Congresso para derrubar os vetos de Lula. A Secretaria de Relações Institucionais (SRI) chegou a publicar uma nota afirmando que o governo só apoiava a derrubada do veto ao Proinfa — programa de incentivo a fontes alternativas de energia, considerado o menos custoso.
No entanto, a base aliada, incluindo líderes do governo como Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE), votou pela rejeição de todos os oito vetos, atendendo a pressões de setores como pequenas hidrelétricas, termelétricas e produtores de etanol.
Incoerência e Críticas Internas
A decisão gerou desconforto até mesmo entre apoiadores do PT, que lembraram que o partido havia se posicionado contra os mesmos “jabutis” (artigos incluídos em projetos de lei sem relação direta com o tema principal) em 2022. Nas redes sociais, a contradição virou alvo de críticas, com muitos questionando a mudança de postura do governo diante de interesses setoriais.
Governo Tenta Contornar a Crise
Para tentar amenizar o desgaste, o governo anunciou que apresentará uma nova Medida Provisória (MP) na próxima semana, com o objetivo de mitigar os impactos da derrubada dos vetos. A proposta ainda está em discussão, mas há indícios de que poderá incluir benefícios a outros segmentos do setor energético, ampliando a lista de favorecidos — o que já é chamado nos bastidores de “repescagem dos jabutis”.
O Que Isso Significa para o Consumidor?
Enquanto o governo busca uma solução política, o consumidor final pode sentir no bolso o reflexo dessa disputa. O aumento nas contas de energia, ainda que limitado a 3,5%, chega em um momento de cobrança por equilíbrio fiscal e de críticas à agenda de subsídios.
A crise expõe não apenas as divergências internas do governo Lula, mas também a complexidade de se governar com uma base aliada fragmentada, onde interesses setoriais frequentemente se sobrepõem às diretrizes do Planalto.
E você, o que acha dessa movimentação? O governo está cedendo demais ao Congresso, ou essa é uma negociação inevitável? Deixe sua opinião nos comentários!