“Cuidado com a ideia falsa amplamente disseminada de que a corrupção é o óleo que lubrifica a engrenagem da economia e dos negócios públicos. Não é. A corrupção é um ácido que corrói não apenas a engrenagem da vida governamental, mas os valores éticos, morais e até os sonhos de um povo”. Denise Frossard
No Brasil foi sancionada pela Presidência a Lei Anticorrupção nº 12.846/2013, no último dia 01 de agosto de 2013, sendo que entrou em vigor no dia 29 de janeiro deste ano de 2014, trazendo novos mecanismos de repressão e maior rigor no combate à corrupção.
Vivemos um tempo em que a ética, aos poucos, está deixando de existir e a ambição e corrupção desenfreada, conquistando o seu lugar no pódio. Já hoje as questões éticas e todas as suas variações estão na pauta do dia.
A ética tem a ver com respeito pelos outros e se estende para todas as escolhas que fizermos na vida. O empresário e político competitivo, moderno, pronto para assumir o seu papel no mundo, precisará se aprimorar em respeito humano.
Há uma revolta muda por parte das pessoas com as notícias sobre políticos que desviam dinheiro público, e há, também, episódios e mais episódios a que assistimos diariamente sobre profissionais poucos éticos que acabam se dando bem.
Estamos perdendo a noção moral do certo e errado. Consideramos vitoriosos aqueles que ganham muito dinheiro, seja como for. Estamos apontando para nossos filhos o exemplo social do criminoso, daquele que ganhou dinheiro corrompendo jovens, mas ficou rico.
É indiscutível que, para uma pessoa ser bem sucedida, é necessário que tenha uma dose de ambição. O problema acontece quando o ambicioso extrapola os limites e fica agindo às cegas, apenas vivendo em função de seus próprios interesses, não se preocupando com as pessoas a sua volta e passando por cima dos outros para alcançar os seus objetivos e interesses.
Seria interessante se o governo adorasse no currículo escolar o ensino, por exemplo, da disciplina sobre ética, assim como acontece com outras disciplinas. A ética deveria ser assunto e matéria obrigatória para todos nós. Mas o que vemos acontecer nas nossas escolas é que se ensina, e mal, apenas as matérias do currículo, sem se preocupar em questionarmos o porquê dos acontecimentos.
Os educadores em geral não nos levam a refletir sobre o papel da ética, da corrupção e da moral. Muitos trabalham apenas por causa do salário e, assim, passando a mensagem de que o ter vale mais do que o ser.
É certo que, o campo da política exemplifica melhor a questão da ética, da corrupção e da ambição desenfreada nos dias atuais. Sem nos esquecer de mencionar o mercado de trabalho que segue os mesmos tramites em relação ao assunto aqui exposto. Há uma preocupação cada vez maior por parte das empresas de se livrar dos funcionários que não estejam profundamente alinhados com os valores éticos. É sabido que, tanto o meio político como o meio empresarial favorece sem escala, em muitos casos, a mudança de comportamento das pessoas, mesmo aquelas que algum dia se gabava de ser honesta. Quando postas em altos cargos, por exemplo, se esquecem do seu passado e ideais e, para não perderem o espaço alcançado, geralmente, passam a agir desonestamente.
Pode ser essa uma das explicações para que a ética esteja tão em desuso ultimamente, com raras e escassas exceções, está cada vem mutável e a ambição e corrupção, sem limites, aos poucos está passando a reinar em seu lugar.
Há um autor, Otavio de Faria, que em 1931 escreveu que muitos de nós aprendemos a transgredir já no colégio, com a cola. Ainda crianças, aprendemos como enganar e burlar a lei. Mas também aprendemos como nos desculpar quando pegos. E há uma frase que eu acho simbólica que diz o seguinte: “Se todos fazem, não só pode como tem de fazer. É tolo quem, podendo se aproveitar não o faz.” Essa frase é atual até os dias de hoje.
Portanto, esse é um problema da própria sociedade. Se você estiver em uma estrada viajando na velocidade máxima e houver um sujeito atrás mais rápido, querendo ultrapassá-lo, você se sente um imbecil. Quem anda dentro da lei hoje é considerado um imbecil. Essa leniência com desvios, com transgressões, começa com as pequenas, como jogar papel na rua, furar sinal vermelho, dar uma “cervejinha” ao guarda que quer multar. E isto é algo que permeia a nossa sociedade, infelizmente.
Será que nunca existiu corrupção antes no nosso país? Enganam-se quem pensa assim, pois a corrupção sempre existiu, e sempre existirá de alguma forma. Por isso não dá para afirmar categoricamente que só nos últimos 10 anos a falta de ética existiu. Há três razões para termos hoje a sensação de que há mais corrupção no país. Primeiro, as expectativas éticas sobre esse governo eram muito grandes. O PT sempre foi muito identificado com o combate à corrupção e no poder deixou a desejar nesse aspecto. A segunda razão é que, por inexperiência com o problema da governabilidade, houve um relaxamento com as nomeações. Por último, há também uma maior transparência, uma maior divulgação dos casos de corrupção.
É necessário que façamos uma força tarefa em combatermos a corrupção em todas as escalas existentes, isto tem que acontecer, primeiramente, na conscientização de cada um de nós. Devemos nos atentar nos mínimos detalhes em relação a esse assunto tão em voga, no que diz respeito à corrupção e as questões éticas no nosso dia a dia.
Por isso é que devemos nos organizar na busca desenfreada para vivermos em um país onde a ética, em todos os setores, seja um principio de todos, partindo do micro para o macro ou vice-versa. E aí, sim, iremos vencer essa doença que tanto mal faz a toda à sociedade e, termos, em fim, um conjunto de valores morais e princípios que nortearão a conduta humana.
Marcelio Oliveira (Para o Portaldenoticias.net)
Jornalista
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