“Uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si próprias. E ninguém faz isso sem ler.” Harold Bloom, crítico literário
Termos a consciência de que a política faz parte das nossas vidas é fundamental, pois vivemos em um mundo onde ela reina absoluta em todos os aspectos.
Acredito que, a consciência maior, tem que partir, principalmente, dos mais jovens, os quais devem participar mais ativamente dos movimentos políticos e sociais existentes. Mas quando isto acontece muitos não entendem, não desejam entender e participam de tudo como se fosse uma grande brincadeira em que, somente, a diversão prevalece. O que percebemos, na maioria das vezes, é uma postura notadamente apática, em que os valores defendidos por esse segmento são imediatistas, voltados apenas à própria sobrevivência.
Para termos uma ideia do descaso, apenas faltando alguns meses ou dias para irem às urnas, muitos jovens ainda não se decidiram sobre em quem vão votar e, influenciados pelos pais, pela mídia ou pelos amigos, acabam por acatar a mesma decisão desses.
Podemos verificar essa posição nos jovens na época do Impeachment do ex-presidente Collor. Ali, nas manifestações, existia uma grande maioria deles com a cara pintada com as cores da bandeira, apenas disputando um close e os flashes das câmeras de TV e das Revistas de circulação nacionais.
Depois de anos vivendo como gigante adormecido, finalmente, o Brasil acordou e os jovens voltaram de novo para as ruas no mês de junho do ano passado. Dessa vez sem uma reivindicação definida, pois existiam muitos assuntos em pauta, por exemplo, o aumento das passagens de ônibus, motivo pelo qual foi o estopim dos movimentos.
Bem diferente dos jovens de outrora, especialmente das décadas de 60/70 que lutavam por ideais bem definidos, sempre atentos e ligados em tudo que acontecia a sua volta.
Rebeldes, os jovens daquela década lutaram por várias causas, como liberdade política, sexual e igualdade entre os sexos, e criaram um ideal de juventude até hoje cultuado. Vinte anos depois, o espírito de rebeldia mantinha-se vivo, mas as causas eram mais difusas. Hoje, a ditadura é uma lembrança e o conflito de gerações quase desapareceu. O jovem está preocupado em fazer carreira, sem precisar se estressar, dá um valor imenso ao meio familiar e sua atuação política é menos partidária e mais social, como, exemplo, a defesa do meio ambiente.
É importante sempre estarmos atentos aos seguimentos políticos em todos os lugares que estivermos, sejam nas nossas comunidades, igrejas, escolas ou em outras repartições. Lugares estes em que somos levados a emitir a nossa opinião a respeito das questões existentes. Além de termos de tomarmos certas decisões, e essas decisões nos transforma de uma maneira positiva, e nos garante entender, fazer escolhas e de decidir com precisão.
E para que essas escolhas e decisões sejam certeiras, temos que estarmos sempre informados e, certamente, essa juventude, mais do que nunca, tem que entender de política para se precaver da politicagem.
Os jovens de hoje são iguais aos de qualquer outra época, pois levam consigo os mesmos sonhos, anseios e desejos das gerações passadas. Mas, quando se deparam com a realidade de como as conquistas são difíceis, acaba desistindo de tudo aquilo em que acreditaram um dia.
No ano de 2001 aconteceu o Ano Internacional do Voluntariado, mas o que ficou de significativo? Foi o número enorme de jovens querendo participar de alguma forma. Eles queriam realizar algo em prol da sociedade através do seu engajamento, mas o que se notou foi esses mesmos jovens receberem um sonoro “não”. Apesar de muitos querem participar, foram barrados pela burocracia que impera em nosso país.
Sentindo-se inúteis, os jovens vão cada vez mais se acomodando. As escolas onde estudam não oferece motivação nenhuma. Ao terminar o ensino fundamental, a maioria não consegue entrar em uma faculdade. Então, vão se apegar, no final das contas, a subempregos para sobreviverem. Logo se casam, vêm os filhos e acabam por esquecer os seus ideais de juventude.
Certamente que os menos favorecidos, que são a maioria da população brasileira, sempre são os mais atingidos. Já que, os mais ricos, na maioria das vezes, não estão nem um pouco preocupados com os pobres. Esses, sim, estudam nas melhores escolas, tem acesso aos melhores meios de comunicação e informação e, por fim, entram nas melhores Faculdades e Universidades. Em seguida, conseguem os melhores empregos e, no final das contas, também se acomodam com o luxo, fazem de conta que não estão vendo o que acontece a sua volta no tocante à miséria, à violência desenfreada e pensam somente em engordar ainda mais as suas contas correntes.
Pensando dessa forma, os jovens, de todas as classes sociais, só tem a perder. A sensação que temos é de que tudo continuará do mesmo jeito, assim como retratado naquela canção interpretada por Elis Regina: “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
Marcelio Oliveira (Para o Portaldenoticias.net)
Jornalista
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