“Enquanto a verdade calça os sapatos, a mentira já deu meia-volta ao mundo”.
Mark Twain
“A mentira é muitas vezes tão involuntária como a respiração”.
Machado de Assis
A mentira tem pernas curtas?
Mentira: alguns a consideram saudável, necessária; outros a vistos como nociva, destrutivos; tantos outros a enxergam como mal inevitável.
Antes de atirar a primeira pedra, aconselham estudiosos da mentira, é bom lembrar que todo mundo menti. A civilização foi construída sobre uma sólida base de mentiras, falsidades e conceitos abstratos aceitos como verdadeiros como sem que se tenha deles a mais pálida constatação de veracidade.
A primeira mentira de que temos conhecimento está narrada na bíblica, no livro de Gênesis, ela conta que Satanás, um anjo decaído, transformou-se em serpente e enganou o primeiro casal no paraíso, Adão e Eva, dizendo para eles comerem do fruto proibido que, assim, seriam tão poderosos quanto o próprio criador.
Daí, então, Satanás ficou conhecido, entre outras expressões pejorativas, como o pai da sua mais devastadora criação.
Depois disso a mentira se propagou, percorrendo os tempos, ganhou, inclusive, um dia para ser “comemorada”, que é o dia 1º de Abril de cada ano. Sugiro, pois é muito interessante, que se faça uma pesquisa na internet para saber mais a respeito desta data. Tem muitas curiosidades, por aí, a respeito do assunto que são incríveis.
Certamente, por mais que se tenham boas intenções, faltar com a verdade não é algo decente, pois, como já dizem: “Que de boas intenções o inferno está cheio”. Assim sendo, sempre causará problemas mentir, como por exemplo, fazer gerar desconfiança, descrédito, separações, revoltas e muitos outros males, inclusive e mais perigoso, a morte de pessoas.
Aquele que conta uma mentira, certamente, terá que contar outra e mais outra e, assim, sucessivamente, tornando-se um círculo vicioso e, essa pessoa corre sérios riscos em se tornar um mitômano. Sem falar que, o mentiroso, terá de ter uma ótima memória para lembrar-se daquilo que contou.
São raras às vezes em que a mentira traz, digamos, algum benefício, pois na grande maioria ela somente trás devastação, confusão e muitos problemas. Portanto, é melhor sempre evitá-la.
Em tempos eleitorais, a taxa de mentira se multiplica geometricamente. Mas também na vida pública existe uma gradação do potencial destrutivo das mentiras. Elas podem variar de uma omissão necessária e justificável até uma fraude com o efeito de enriquecer pessoas e grupos.
Mas, sem a mentira a vida seria um inferno. Talvez se nunca pudéssemos mentir, se todos os sorrisos fossem confiáveis e se todos os olhares fossem facilmente decifráveis, a convivência humana seria impossível em casa, no trabalho, em sociedade.
Lembro-me de um quadro do Programa ‘Fantástico’ da Rede Globo, em que o ator Luiz Fernando Guimarães vivia Salgado Franco, um homem que não conseguia controlar sua compulsão em só dizer verdades.
Nos episódios curtos, em torno de cinco minutos, com edição rápida, Salgado desconcertava as pessoas nas mais diversas situações sem sequer se dar conta. Para Guimarães, o grande desafio de O Super Sincero era dizer as verdades constrangedoras que o personagem dizia à queima-roupa sem que essa sinceridade excessiva parecesse grosseria ao telespectador.
Se todos começassem a agir como o personagem citado, imagina só quanta confusão iríamos arrumar todos os dias.
Já as agencias de publicidade e propaganda e entre outros setores similares usam a mentira, geralmente, para obter, certas vantagens, ou seja, aquilo que desejam.
No caso de atores, poetas e escritores de ficção, quanto mais completamente eles mentem, melhor fica o espetáculo para o distinto público. Aqui, a mentira requer uma análise mais complexa.
No caso dos políticos é outra história e não obrigatoriamente ruim para sua biografia. Para começo de conversa, a mentira política nasceu como irmã gêmea da democracia na Grécia Antiga.
Na literatura e nas parábolas a mentira sempre apareceu como desvio de caráter, a exemplo das histórias de Pinóquio e Pedrinho e o Lobo.
Quando se passa de certos limites, a mentira tem de ser punida. Se ela começa a se tornar dominante, a sociedade, sem se dar conta, caminha para extinção. E quais seriam esses limites? Os estudiosos do caso se calam, mas as pistas podem ser encontradas no bom senso.
Em algo, a respeito deste assunto, possivelmente, todos devem concordar. É que a verdade prevalecerá acima de tudo, e que mentir, mesmo que seja para si mesmo é sempre será a pior saída. Pensemos nisto!
Marcelio Oliveira (Para o Portaldenoticias.net)
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