Ex-deputada baiana amiga de Sérgio Moro ganha cargo de R$ 20 mil no governo Lula

Quando a memória falha, as capturas de tela tornam-se lembranças eternas, perpetuando a história com as incoerências dos atores políticos. A mais recente dessas contradições emerge da trajetória da ex-deputada federal Dayane Pimentel, representante da União Brasil, que merece atenção e análise.

Dayane Pimentel ganhou notoriedade ao ser eleita a deputada federal mais votada na Bahia em 2018. Ela ascendeu ao cargo apoiada pelo então candidato à presidência, Jair Bolsonaro, como muitos outros nomes na política brasileira naquele momento.

Dayane Pimentel assumirá cargo na Embratur | Divulgação Câmara dos Deputados

No entanto, seu relacionamento com Bolsonaro azedou já no primeiro ano de mandato. Suas divergências não se limitaram ao bolsonarismo; Dayane também se mostrou implacável como opositora ferrenha do petismo e de seu líder, Lula.

Há cerca de um ano e sete meses, Dayane usou sua conta no antigo Twitter para classificar Lula como “bandido”. Este episódio se insere em um contexto político significativo. Uma pesquisa CNT/MDA realizada em fevereiro de 2022 mostrava Lula com 42,2% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro registrava 28%. O candidato de Dayane na ocasião era o ex-juiz Sérgio Moro, que buscava se afirmar como uma alternativa presidencial.

Dayane expressou sua preocupação na época: “Enquanto a maioria da população achar que dois bandidos podem ser opções mais viáveis do que um homem da lei, por exemplo, nunca deixaremos de ser submundo.”

No entanto, como diz o ditado, “o tempo é rei”. A ex-deputada e sua postura contundente contra o PT encontraram um desfecho surpreendente. Dayane Pimentel foi nomeada para um cargo no governo Lula como coordenadora nordeste da Embratur, órgão responsável pela promoção do turismo no Brasil. Este cargo deve proporcionar a ela um salário superior a R$ 20 mil.

Em 2018, Dayane chegou a ser cogitada como vice na chapa de Bolsonaro, mas o projeto não avançou. Ela optou então por concorrer a uma vaga de deputada federal, obtendo impressionantes 136.742 votos. Quatro anos depois, sem o mesmo respaldo que a impulsionou na primeira vez, Dayane viu seu apoio eleitoral diminuir significativamente, conquistando apenas 29.979 votos.

Essa trajetória política nos mostra como o cenário político brasileiro é volátil e como as alianças e lealdades podem mudar rapidamente. A memória digital, por sua vez, nos recorda que as declarações públicas e ações passadas de políticos estão sujeitas a serem reveladas quando menos esperamos, criando um registro indelével das escolhas e contradições de nossos representantes políticos.

Gabriel Araújo: Jornalista, produtor de conteúdo digital, especialista em servidores Linux e Wordpress. Escreve sobre Carros, política, Esportes, Economia, Tecnologia, Ciência e Energias Renováveis.