Essa frase, revestida de gritante subserviência, foi pronunciada pelo então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, numa entrevista pública, com o Presidente da República ao seu lado às gargalhadas, um dia após ter sido desautorizado, publicamente, pela não aprovação presidencial à assinatura do seu Ministro num protocolo de intenções firmado durante a reunião com os Governadores, em que ele se comprometia a comprar 46 milhões de dose da Vacina Coronavac. De maneira incompatível, sem ética e deselegante com o seu Ministro, Bolsonaro declarou que não compraria vacina da China – claramente porque as iniciativas preliminares foram do Governador Dórea -, e ainda complementou de forma autoritária, bem ao seu estilo, afirmando que: “Não compraremos a vacina da China […] O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade.” E aqui questiono: inclusive a autoridade de deixar as pessoas morrerem? Parece que sim.
Foi por atitudes como essa, que o Brasil iniciou a vacinação muito tarde e vidas foram se perdendo. Como o Instituto Butantan, de S. Paulo, é o Laboratório que desenvolve a Vacina Coronavac utilizando os imunizantes chineses da Sinovac, a qual já representa próximo a 90% das vacinas usadas no país, até o presente, o Presidente e seu governo precisam reencontrar o caminho da avaliação lógica e mais humana, deixando de lado os caprichos pessoais e a visão política do problema. Goste ou não, se não fosse a vacina chinesa já estaríamos com mais de 500 mil mortos…! Falar nisso o cidadão Presidente já se vacinou? Quem sabe responder?
Compreendo que é importante a existência de um clima de respeito e identidade entre subordinados e superiores para o equilíbrio e sucesso de qualquer gestão, principalmente na área do serviço público. Mas, em sã consciência, não consigo entender como um Ministro de Estado comparece a uma reunião com Governadores de Estado, para tentar viabilizar soluções que pudessem melhor combater o vírus mortal que aí está, sendo que a sua única e acertada iniciativa foi prometer a compra de uma razoável quantidade de vacinas (46 milhões de doses), e a sua palavra empenhada num protocolo é desqualificada de forma contundente e pública pelo seu superior, o Presidente!
O pior de todo esse teatro é que, quando seria de se esperar uma postura altiva do General/Ministro – de formação militar! -, com a decisão pessoal de renunciar peremptoriamente ao cargo, como forma de preservar um mínimo de honradez e dignidade, eis que, sob fartos e alegres risos, ele protagonizou a melancólica frase que dá título à presente crônica!
Não acredito nos resultados prometidos por essa CPI do Coronavírus, exatamente pelos rumos e substâncias dos debates, concentrados na defesa das posições político-partidárias de cada um dos seus membros, e no linguajar agressivo e pouco elegante com os depoentes, ao invés da busca pelos melhores caminhos em defesa da vida de milhões de brasileiros. Parece óbvio demais, que nada surgirá de mais consistente dessa CPI, visando, em curtíssimo prazo, a solução desse grave problema.
A verdade é que, de modo geral, o que não se tem visto são gestos de solidariedade e união das forças políticas e econômicas, para somar ações e não dividir como vem ocorrendo. A questão é que nessas tragédias que afetam as nações pelo mundo à fora, é sempre fundamental a existência de um líder nacional com capacidade para aglutinar forças positivas, e não de desempenho negacionista e separatista. E essa carência nos afeta, e mata.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 23/05/2021
12 Comentários
Caro Agenor, o título da crônica tem tudo a ver com o momento que estamos vivendo.
O governo atual, a começar pelo presidente e seus principais assessores, têm uma formação militar, daí a dificuldade em adotarem a diplomacia esperada pela população, preferindo o velho chavão: “Bateu, levou”.
Muitos irão lembrar-se do ex-presidente, General João Batista Figueiredo, que demonstrava claramente não ter nascido para ser uma figura pública, mas sim um militar, curto e grosso em diversas falas, entre as quais cito algumas que me recordo:
“eu dava um tiro na cuca”, uma vez respondeu a um garoto que o questionou, em 1979, sobre o que faria se seu pai ganhasse apenas um salário-mínimo.
Foi questionado uma vez sobre o “cheiro do povo” numa entrevista sobre a cavalaria. Sem dó, ele respondeu: “Eu prefiro o cheiro do cavalo”.
Várias vezes de forma ofensiva, ele culpava os mais pobres por diversos problemas do país. Uma vez, ele afirmou que “um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar”.
Outra vez, disse, como se fosse uma piada: “Eu cheguei e as baianas já vieram me abraçando. Ficou um cheiro insuportável, cheguei no hotel tomei 3, 5, 7 banhos e aquele cheiro de preto não saía”.
Belo trabalho. No Brasil de hoje, a esperança é a primeira que morre. Não duvido nada o povão reeleger o psicopata mentiroso e irresponsável por absoluta falta de opção. (Maceió-AL).
Agenor: perfeito seu artigo. (Salvador-BA).
Bela colocação amigo Agenor Santos, parabéns! (Maracás-BA).
Também não acredito que a CPI venha trazer resultados que seja coerente, como a punição dos envolvidos e a retirada do responsável pelo país.
Eu gosto de ver como o famigerado Mito, compactua com esse genocídio a céu aberto, só em pensar que milhares de pessoas poderiam estar imunizadas, pense quantas famílias não estariam despedaçadas, isso é revoltante. O holocausto que foi feito no Estado amazonense, por acreditar em um desvario da imunidade de rebanho, as pessoas morrendo por falta de ar, porque simplesmente o presidente não quis intervir em uma federação que é da responsabilidade de cuidar, zelar. O que me deixa espantada é que tem pessoas (que não são poucas) que concorda com tudo isso, e acha pouco o caminho do retrocesso, o país literalmente passando a Boiada, eu não sei o que vai se restar do país até as eleições…. Que por sinal corre sério risco de voltar a ser de papel, a de cédula é muita involução para um país que até alguns anos atrás não queria virar uma Venezuela ou Cuba. (Salvador-BA).
Agenor: perfeito seu artigo. (Salvador-BA).
Um genocida e o outro subordinado, sem o menor senso de responsabilidade com as vidas humanas. E temos que conviver com isso. Muito boa matéria! (Rio de Janeiro-RJ)
Amigo, TUDO na POLÍTICA SUJA aqui no Brasil dá em Pizza a la italiana, me dá um dinheiro aí. (Rio de Janeiro-RJ).
Mais uma vez você se comporta como legítimo brasileiro na defesa das necessidades de nossos compatriotas, particularmente as de ordem sanitárias. Mas como “nem tudo é ouro”, concordo e discordo de você num ponto da sua crônica semanal: refiro-me à forma deseducada de certos componentes da CPI e o resultado desta. No primeiro caso, concordo com seu ponto de vista, pois ali deveria haver mais equilíbrio que me parece presente no desempenho do presidente da Comissão e no senador Otto Alencar. Mas discordo quanto aos resultados. A despeito de tudo, ainda creio que haverá algum resultado
favorável, sim. Vamos andando que atrás vem gente.
Outro ponto magistral de seu trabalho é no instante em que se refere ao comportamento do ex-ministro da saúde – um mentiroso sem pudor que se apoiou na liminar do STF para proteger o seu irresponsável presidente. Mas, voltando ao seu comentário, achei muito pertinente a hipótese (veja bem: HIPÓTESE) de o então ministro da saúde deixar espontaneamente o cargo no momento em que o presidente o desmoralizou, negando a compra do imunizante do Coronavac. Tivesse ele (o ministro) um mínimo de compostura e amor próprio, teria deixado o cargo na hora. Mas a verdade é que o Pazuello é um capacho moralmente pior.
Mas seria bom lembrar de outro mentiroso da CPI, o terraplanista Ernesto Araújo que ali compareceu, também como capacho do presidente, para mentir desavergonhadamente, ele que é um dos mais legítimos discípulos do Olavo de Carvalho e o pior diplomata da história do Brasil. E que falta nos fazem, nomes como Osvaldo Aranha, Rio Branco, Celso Amorim – e tantos outros – que elevaram a diplomacia brasileira numa das mais respeitadas mundialmente.
Por derradeiro, uma referência ao filho do presidente (aquele atual senador das rachadinhas da ALERJ) que, não fazendo parte da CPI, tem se intrometido agressivamente nos trabalhos, inclusive tratando o relator como canalha. No particular, pouco importa o antepassado de cada um, o fato é que o governo -e seus defensores: o Ciro Nogueira à frente- tem feito o possível e impossível para impedir a CPI que a Justiça restou aprovando. Justiça essa que também tem sido defenestrada pelos apoiadores do presidente, em particular o STF. Por que o temor? Quem não deve, não teme. Ou não? (Salvador-BA).
Oi, Agenor, tudo bem? Parabéns pela crônica, excelente! Saudades! (Salvador-BA).
Caríssimo Agenor Santos!! Caríssimos leitores(as) amigos(as) do meu parceiro blogueiro Florisvaldo do mesmo site: http://www.portaldenoticias.net !!
Depois de ter lido atentamente antes de publicar esta presente crônica em meu blog que atende pelo nome de Blog do Deusimar- O Homem Forte Das Abelhas, resolvi a deixar aqui meu modesto comentário conforme descrição abaixo apresentada: Venho acompanhando os trabalhos de mais uma CPI instalada e vergonhosamente administrada pelos membros de uma, das duas casas do maior Parlamento Nacional, e os vejo sem um mínimo do mínimo de moral para esta finalidade, haja visto que, tropa dos Cs…. sujos não podem nem falar, quanto mais jugar a tropa dos Cs… mal lavados (desculpem-me a minha intenção em expressar a luxuria da expressão). Até agora este seu modesto editor de suas abalizadas crônicas, ainda não entendeu, e muito menos compreendeu, como o nosso vergonhoso Senado da Republica conseguiu nomear o Senador AZZI, digo, AZZEDO do Amazonas para presidir a dita CPI, este por sua vez instala os trabalhos da mesa, e no outro dia só não foi apanhado pela PF em sua residência junto com a patroa dele e os dois irmãos, porque ele pernoitou em Brasília. Para o Senado Federal nada aconteceu e ele continua atéa presente data à frente dos trabalhos da dita CPI com cheiro e gosto de marmelada de vinho de umbu maduro, aqui do epicentro do sertão de nossa linda e extensa Bahia . Um outro fato extremamente incompreensível, está na manutenção do Rei do Gado na relatoria, sujo mais que pau de galinheiro de conhecimento do povo brasileiro, inclusive, com ajuda da vergonhosa justiça Brasileira. De acordo com o conceito da palavra PESSIMISTA do fera da Literatura Brasileira, Ariano Suassuna, quando disse que todo pessimista é um derrotado antecipado, não estou querendo ser um deles, mas pelo andar da carruagem este nosso vergonhoso cenário politico brasileiro, o causador maior da situação que estamos vivenciando, a cada dia que passa vai se acirrar cada vez mais as disputas pelos poderes, e só o Divino n causa. Vamos lembrar que a gravidade dessa desastrada pandemia, é resultado da prática das eleições a toque de caixa na disputa dos poderes municipais, e a que está por vir no próximo ano será pelos poderes mais ambiciosos , dos Estados da federação e do cargo maior da nação. Já se foram quase 1;2 milhão de vidas ceifadas, e se preciso for, o nosso podre cenário político , não vai estar nem ai, por mas 1;2 milhão de vidas ceifadas daqui pra frente. Em minhas considerações finais acho que esta CPI significa a pólvora do cartucho, e porque não dizer, da bomba na guerrilha politica pelo poder que sempre foi; é: e continuará sendo fascinante. COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:
José Deusimar Loiola Gonçalves
Técnico em Agropecuária (Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas; Licenciado em Biologia; Pós Graduado Em Gestão Educação Ambiental, e Tecnólogo em Apicultura e Meliponicultura.
Zap: (75) 99998-0025 (Vivo) – (75) 99131-0784 (Tim).
Blog: https://www.portaldenoticias.net/deusimarXASS
Mais uma vez obrigado pela crônica ” Simples assim: um manda e oi outro obedece”. No entanto, devo dizer-lhe que nem sempre é assim, às vezes, um superior manda, mas o subordinado não obedece quando percebe que será prejudicial para um grupo ou sociedade, mesmo tendo conhecimento que será punido.
Ocorreu há alguns anos em Salvador que um tratorista do serviço público, desobedeceu a ordem de demolição de um imóvel por sentimento de humanidade para com aquela família que desobedeceu a ordem de desocupar o imóvel. (Salvador-BA).