Nas minhas andanças e observações por aí, por aqui, por acolá, me deparei com uma mãe desesperada com o comportamento rebelde de sua filha adolescente. Fiquei pensando em como ajudá-las e, por um momento, acabei me colocando no lugar da mãe e escrevi essa carta pensando que poderia ajudar de alguma forma. Espero que elas leiam essa carta-crônica e entendam o recado.
Carta de uma mãe para sua filha adolescente
Vivian,
Hoje você vai receber um bilhetinho muito especial e talvez importante: o meu! Desculpa filha, mas me vi, novamente, bem tarde, no seu quarto, a olhar suas coisas.
Você está com vontade de xingar, brigar, etc., mas leia este bilhete com o carinho com que você lê todos os outros que você recebe, pois pelo menos neste você terá a certeza que não está sendo iludida com palavras como: “Vivian, adorei te conhecer” ou “Vivian, quando precisar de um ombro amigo, você tem o meu”, ou mais “Vivian, eu não tenho nada a ver com isso, mas pare de fumar!”.
Ou ainda frases feitas e copiadas de livros de autoestima, a quem somente os solitários, mal-amados, inquietos interiormente pela falta de paz e de autoconfiança recorrem como: “… é um sentimento que vem de longe ganhando lugar em nossos corações…” ou ainda, “ame-se o suficiente para ser capaz…” como se o Amor tivesse medidas e fosse adquirido em qualquer vitrine de Shopping.
Filha, o preconceito está em preconceituar às coisas. O amor é um sentimento livre que agita seu interior, sem te tornar inquieto. Que fala a sua alma sem te colocar em desespero. Que faz você ver o verde, verde, o amarelo, amarelo, porém, com mais intensidade. Que se faz sentir grande, embora tenham atitudes pequenas e discretas. Que te expõe o mundo e NÃO, te expõe AO mundo. Que respeita o seu eu enquanto ser perfeito, abençoado por Deus, que somos.
E quando a gente se ama, a gente faz amigos, dentro e fora de casa, pois aprendemos a respeitar e a aceitar a individualidade de cada um, sem querer moldá-lo ou transformá-lo num objeto de nosso uso.
Repare que a palavra aceitar é muito diferente de incorporar, imitar, humilhar e etc.
Um amigo dá condições para que o outro cresça e se sinta bem ao seu lado.
Se num relacionamento existe o desconforto, a vontade de modificar-se para ser aceito, isto não é amizade e sim submissão.
Quando se ama, se é feliz e consegue fazer o amigo, o amante, o namorado, os filhos, os pais, o menino de rua, o cachorrinho, o balconista, o açougueiro, a avó, o avô, os pacientes e os professores à vontade.
É estar à vontade com a outra pessoa, seja ela quem for num relacionamento de igual para igual. E isto só conseguimos NOS AMANDO.
Se na sua vida os momentos de revolta, de submissão, de sentir-se usada, enganada, manipulada são de proporção grande ou pelo menos se eles correspondem 40% da sua vida. Está na hora de você parar e refletir sobre o que está fazendo com você mesmo ou não está fazendo.
Amar, amar de verdade é o que sinto por você e se resume em uma única frase: EU SOU CAPAZ DE DAR A MINHA VIDA POR VOCÊ!
P.S.: Desculpe, mas uma vez de mexer em suas coisas, mas foi a única maneira que encontrei de falar o que eu precisava (por te amar), sem me magoar.
Não precisa fazer nenhum comentário sobre este bilhetinho e nem precisa guarda-lo na sua gaveta ou agenda.
Apenas guarde-o no seu coração.
Te amo,
Sua mãe.
14/09/20
Marcelio Oliveira (Para o Portaldenoticias.net)
Email: marceliojornalista@hotmail.com