BLOG DO DEUSIMAR – O HOMEM FORTE DAS ABELHAS COMPARTILHANDO A HOMENAGEM PÓSTUMA DO ESCRITOR IVAN SANTTANA PARA O REI DO APITO: PEDRO LIMA.

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UM APITO SILENCIADO

Por muitas vezes, na madrugada, quando Pedro Lima descia o beco de minha rua, apitando, me fiz essa pergunta: “a quem ele quer acordar com esse apito? Alguém ou toda a cidade”? E pensava nos versos de Chico Buarque, na música “Minha Canção”:
“Dorme a cidade
Resta um coração
Misterioso
Faz uma ilusão
Soletra um verso
Lavra a melodia
Singelamente
Dolorosamente
Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza”…
Não tenho a resposta. Não terei. Só sei que a cidade dorme, dormia enquanto ele apitava. Quem teria sido despertado para sempre com o som do seu apito? Despertado para além das serras, para além do sonhar pequeno?
Um dia ele me disse: “Todo mundo na capital, quando coloca os pés fora de casa é um clandestino”.
Sim, ele tinha razão. Na capital, fora de casa, somos todos clandestinos. Já no interior, não. Nossa clandestinidade dura pouco, todos se sabem, amigos ou não. E seu apito talvez nos dissesse isso, acordemos! Mas seu acorde pouco ressonava, porque os acordes dos “loucos”, nem sempre compõem uma canção fácil que nos faça refletir, ou tocar os corações mais endurecidos.
Agora, já não somos apenas nós que dormimos, Pedro Lima também dorme para além dessa cidade, restando-nos apenas a célula rítmica do seu apito, reverberando em nós, na história, na memória, nas canções de que ele tanto gostava, Zé Ramalho, Raul Seixas, Raimundo Monte Santo. Muitos de uma geração, pra quem não sabe, aprenderam a gostar de boa música, graças ao gosto musical de Pedro Lima. “Era ele quem nos apresentava os discos da MPB”, disse-me certa vez uma ex colega dele, do tempo em que eram estudantes.
Por quê a insistência dele em repetir sempre “É o eixo”?
Eu, talvez diria, é o eixo quem segura tudo. O problema ta no eixo, é ele quem segura a nossa cabeça, o mundo. E quando o eixo não está no lugar, alguma coisa está fora da ordem e, talvez por isso, a sua mania de colocar as coisas em ordem, o trânsito, as cadeiras desorganizadas dos bares, e quem sabe, até, a ordem de sua cabeça, que não se acostumara a ser enquadrada em um mundo cheio de padrões.
Dorme a cidade, uma alma, um apito é silenciado:
“Singelamente
Dolorosamente
Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza
Minha canção
Réstia de luz onde
Dorme o meu irmão”.

IVAN SANTTANA

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Ola mestre Ivan Santana!! Gostei tanto de seu artigo que vou me ousar de roubar trazer aqui  para o centro das atenções de meu, digo, nosso modesto blog- www.portaldenoticias.net/deusimar Uma justa; muito juste e justíssima homenagem póstuma ao nosso saudoso e eterno conterrâneo Pedro Lima. Em nome de tod@s internautas amigos(as) da porreta dessa net, deixo aqui registrado os mais sinceros e elevados parabéns.

COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:

José Deusimar Loiola Gonçalves-
Técnico em Agropecuária(Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas ; Licenciado em Biologia e Pós Graduado Em Gestão e Educação Ambiental(Apicultor e Meliponicultor).
Fones de contato: 75- 99998-0025( Vivo-Wast App); 75- 99131-0784(Tim).

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