COLUNA DO AGENOR – MANCHAS SOBRE A NOSSA HISTÓRIA.

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Respeitadas as características próprias de cada época, desde a Proclamação da República ou, quem sabe, a partir do Descobrimento em 1.500, talvez não tenha havido um momento da história em que, cumulativamente, e no curto tempo das últimas três décadas, tenha ocorrido tantos fatos negativos e vergonhosos nesta nação brasileira. Melhor, talvez, refrescar a memória do leitor, ainda que seja repetitivo, relembrando alguns registros de escândalos deploráveis: a) Década de 1990: Caso Jorgina de Freitas; Escândalo dos Anões do Orçamento; Escândalo do Sivam; Escândalo do Dossiê Cayman; Escândalo da SUDAM e da SUDENE. b) Década de 2000: Escândalo dos Correios; Escândalo do Mensalão; Mensalão Mineiro; Escândalo das Sanguessugas (ou Escândalo das Ambulâncias); e Operação Satiagraha ou Caso Daniel Dantas; c) Década de 2010: Caso Erenice Guerra; Caso Siemens (e Caso Alstom); Operação Lava Jato (Petrolão); e Operação ZELOTES (Receita Federal). Ufa! Teria uma infinidade de outros escândalos, mas o espaço da crônica seria insuficiente para reproduzi-los. Não importa os envolvidos, mentores, se situação ou oposição, sigla partidária, governo atual ou anteriores; todos que assim agem ou agiram, não merecem a condescendência da sociedade atingida. O que se reivindica é que sejam punidos na forma da lei, cada qual no nível de suas responsabilidades, e que, principalmente, devolvam os recursos públicos aos cofres da nação.

Mas o relato acima não é suficiente para embasar o atual estado de espírito de desesperança do cidadão. Como se para provar que os escândalos não têm apenas vínculo com a corrupção política, mas um desvio de comportamento já incorporado à índole do brasileiro, outros registros também vieram somar a essa herança maldita. Em primeiro lugar, o governo assumiu a decisão de realizar uma Copa do Mundo de Futebol em 2014, com o compromisso de construir novos Estádios, mas, irresponsavelmente, e sem qualquer prioridade, esnobou ao construir estádios desnecessários em Estados que não os usariam após o evento. Alguns, sem uso, já estão exigindo reformas para serem úteis em shows. Importante recordar que foram esses os canais por onde o dinheiro público circulou para destinos até agora desconhecidos. Embora para o mundo a Copa tenha sido um sucesso, a catástrofe do nosso futebol deixou dolorosa marca no sentimento brasileiro. A vergonha não ficou apenas no resultado negativo do futebol. Muito pior, visto que o Presidente da Confederação Brasileira que organizou tão expressivo evento encontra-se preso na Suíça, por envolvimento em fraudes, propinas, etc. Pensam que os motivos de tamanha decepção pararam por aí? Não, porque a chance do retorno de um pouco de alegria estava na Copa América e dela acabamos de ser eliminados, prematuramente!

Ora, então de onde poderia surgir a esperança de se testemunhar a existência de um mínimo de dignidade neste país, que pudesse servir de exemplo aos nossos filhos e netos, se até a Receita Federal, exemplo de instituição eficiente, foi alvo da Operação ZELOTES pelo envolvimento de alguns dos seus Auditores Fiscais em processos de fraudes? Mas, certamente, no íntimo de alguém, mesmo que não nutra simpatia direta com o Exército Brasileiro, deve ter imaginado que restava essa instituição nacional, como ícone da tão reclamada integridade, visto que, até a semana passada, mantinha-se ilesa a qualquer contágio em meio a toda a podridão que se vivencia…! Profunda decepção! Não é que a imprensa investigativa dos jornais televisivos noticiou o envolvimento de alguns oficiais militares, acusados de receberem propinas por autorizarem fraudes de empresas que produzem e comercializam a venda de vidros blindados para veículos e até capacetes militares de qualidade inferior, colocando em risco a vida das pessoas usuárias desses serviços? A diferença é que o Exército puniu os envolvidos, imediatamente, afastando-os da corporação.

Esses graves problemas de moralidade, enquanto afetos a atitudes e comportamentos isolados dos indivíduos, de consequências restritas e apurações passíveis de efetivo controle, passam a convicção de que nem tudo está perdido, mas desde que não se permita que se materialize o PRINCÍPIO DA IMPUNIDADE como regra. De outra parte, contudo, quando as instituições públicas e empresas privadas passam a ser infectadas pelo vírus do desrespeito às leis e pelo completo desconhecimento das normas básicas de sustentação da estrutura social, aí o cenário passa a ser preocupante e enormes serão os desafios para a superação, antes que o pior aconteça ao País.

Imaginem os leitores que, se verdadeiras as acusações do delator Ricardo Pessoa, da UTC, de que duas lideranças sindicais – hoje Deputados Federais – teriam sido propinadas em 750 mil reais para evitar a realização de greve de operários nas suas empresas, e concluam, se verdade for, que estamos chegando à beira do caos e da degradação…! Ou já será mesmo o fundo do poço e ainda não sabemos?

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aGENOR CAPA 2Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.

CONTRIBUIÇÃO DO:Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade 05/07/2015