EDITORIAL ANO II NUMERO 80 – A IMPUNIDADE “PLAUSÍVEL”

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EDITORIAL ANO II NUMERO 80 – A IMPUNIDADE “PLAUSÍVEL”

Por não ser um termo tão frequente e comum ao vocabulário geral, permita-me o cronista Acordadinho copiar a sua ideia, e iniciar esse texto com a definição da palavra chave usada no Parecer do Ministro Dias Tóffoli para soltar o José Dirceu:

Plausibilidade ou Plausível:  qualidade daquilo que se considera aceitável ou admissível.

Deduz-se que um condenado a 30 anos e 9 meses como mentor intelectual e beneficiário direto das maiores ações de corrupção deste país, nos últimos tempos, é solto não por fundamentação jurídica, mas porque a 2ª. Turma aceita ou admite, hipotética e politicamente, que os plenários das próximas Instâncias do STJ ou STF acolherão o seu recurso! No mínimo um acinte desrespeitoso ao trabalho de expurgo realizado na 1ª. e 2ª. Instâncias da Lava Jato!

Em paralelo a este cenário, os resultados positivos da Seleção do Brasil na Rússia, certamente conduziram a torcida brasileira ao esquecimento de alguns fatos importantes que estão acontecendo na vida nacional e que em outro momento teriam grande repercussão. Como a prioridade agora é o futebol, tudo mais passa a ser irrelevante. As questões legislativas acumuladas em pautas emperradas no Congresso, ganharam um temporário adormecimento, também por força das preocupações eleitorais de Deputados e Senadores pré-candidatos nas próximas eleições de outubro.

Aqui ou acolá, porém, alguma coisa impactante acontece para quebrar um pouco o nosso estado letárgico. A intensidade do choque estará mensurada conforme o Poder de que se origina. Nesse segmento, pela insensibilidade de algumas medidas excludentes do interesse público, mas claramente protetoras dos privilégios das castas que representam, identificamos os Poderes Legislativo e Executivo. Um pequeno exemplo é conceder o aumento de 10% em favor dos Planos de Saúde e exigir do associado a coparticipação de 40% para determinados procedimentos médicos e, para alguns casos, nem cobertura haverá. Será que a “torcida unida” está acordada para a maldade embutida nessas decisões e suas consequências? Tenho quase certeza que não, e daí quando voltarmos da Rússia o rombo nas finanças será grande e os bolsos estarão se arrastando pelo chão. Alguém duvida?

O leitor atento dirá que cometi um equívoco uma vez que a República do Brasil está constituída de Três Poderes básicos e fundamentais, e que omiti a menção ao Poder Judiciário. Óbvio que não houve falha ou esquecimento, amigo leitor. É que o nosso terceiro Poder, ou leia-se Superior Tribunal Federal, está trilhando caminhos estranhos e íngremes, cujas decisões monocráticas de alguns Ministros ou aquelas assumidas por uma conhecida Segunda Turma, estão colocando em liberdade toda uma corja condenada e presa pela Lava-Jato por tantos atos ilícitos país a fora. Ora, se existe uma jurisprudência aprovada pelo plenário do próprio STF composto de 11 Ministros, como se entender que um apêndice do Tribunal, ou seja, a “famosa” Segunda Turma pode ser mais poderosa do que o Pleno? Como afirmou o Ministro Edson Fachin, Relator da Lava Jato, “a decisão do TRF-4 não pode restar ilegal porque apenas cumpriu a orientação do mais alto órgão do Judiciário”. E acrescenta: “[…] no mínimo, inconveniente a 2ª Turma tomar decisões dissonantes da jurisprudência aprovada em plenário”. Palavras de um Ministro da própria Turma!

Do acompanhamento que se faz das sessões no Plenário do STF, percebe-se que um Ministro quando pede vistas do processo logo o julgamento é interrompido e a partir daquele momento é suspensa a votação até que ele retorne com o seu parecer. O Ministro Fachin pediu vistas na Segunda Turma e este foi desconsiderado, mantendo-se o resultado de 3 x 1 que determinava a soltura do Sr. José Dirceu.

O Art. 2º. da Constituição define que os poderes são “independentes e harmônicos” entre si. Obviamente que diante desse pressuposto, antes de tudo a harmonia deveria começar, exemplarmente, da convivência entre os Ministros, o que tristemente não ocorre. É visível a existência de dois grupos em conflito dentro do Superior Tribunal, com choques de vaidades exacerbadas e interpretações jurídicas nem sempre muito “plausíveis”! Foi chocante ver com que facilidade os argumentos dos Advogados de defesa do Sr. José Dirceu foram acolhidos e aprovados com sofreguidão, quem sabe até sem terem sido analisados adequadamente.

Nesse triste contexto, ganha evidência o entendimento de que está no ar uma IMPUNIDADE PLAUSÍVEL que poderá premiar com a liberdade alguns condenados que sonham em voltar ao poder para “FAZER CERTAS COISAS E NÃO AS COISAS CERTAS”, como escreveu o articulista, filósofo e pastor Ruy Guilherme de Matos.

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.

 

Contribuição do:Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 01/07/2018

 

Colaboração e complementos de:

 

7 Comments on EDITORIAL ANO II NUMERO 80 – A IMPUNIDADE “PLAUSÍVEL”

  1. FLÁVIO MENDONÇA.’. // 1 de julho de 2018 em 12:33 // Responder

    Realmente a atenção dos brasileiros está focada na Copa do Mundo na Rússia e os fatos importantes que vem impactando o nosso dia a dia, como o recente aumento proclamado para os planos de saúde, incluindo a participação pecuniária do detentor do plano, e o pior, a extinção de alguns procedimentos antes realizados pelos planos de saúde.

    Com relação ao fato abordado sobre “A IMPUNIDADE PLAUSÍVEL”. Infelizmente, nessa esfera da Justiça, dessa 2ª turma não se pode acreditar que haja coerência sobre suas decisões, principalmente, quando se trata de condenados por tantas falcatruas, roubos, lavagem de dinheiro e outros crimes que lesaram o nosso País. Haja vista, que em publicação recente no Jornal do Brasil, o prisioneiro LULA, afirmou mesmo antes de ser julgado por essa turma, que está confiante em ser candidato à Presidência da República, na próxima eleição de outubro/2018. É um sinal de que não podemos confiar. (Manaus-AM).

  2. PR. RUY GUILHERME MATOS // 1 de julho de 2018 em 12:35 // Responder

    Mais um artigo coerente e competente. Parabéns, prezado articulista AGENOR SANTOS, colunista do A FOLHA DE NORDESTINA. (Nordestina-BA).

  3. EUNICE SALUM DOURADO // 1 de julho de 2018 em 12:38 // Responder

    Mais uma vez parabenizo-o pela belíssima explanação! Muito realista. Parafraseando alguém que disse: como rumo ao hexa se o país está sem rumo! O país somos todos nós; eu, estou perplexa cada vez mais com o que está acontecendo… Agora, retornando ao seu texto: eu sabia que você foi um excelente gerente, não que era um excelente escritor e um excelente cronista! (Irecê-BA).

  4. ADSON MÁRCIO // 1 de julho de 2018 em 13:12 // Responder

    Triste realidade de uma corte acovardada e alinhada com desmandos e indivíduos envolvidos em altas falcatruas. (Mutuípe-BA).

  5. Prezado Irmão: mais uma pura verdade descrita nesse seu artigo. E já pensou o que poderá acontecer a partir de setembro próximo, quando Dias Tófolli assumir o comando/presidência do STF? Que País é este? Sério? (Miguel Calmon-BA).

  6. Eden Lopes Feldman // 1 de julho de 2018 em 23:11 // Responder

    Com toda certeza vivemos o que denominamos democracia.Os poderes exercem suas ações, temos uma constituição e elegemos nossos representantes. Mas quando examinamos o que acontece, e esta cronica posiciona esta situação de forma indelével, me assombra uma angustia: quem nos protegerá das situações de descalabro que atônitos vemos todos os dias. E em todas as suas crônicas, Agenor, que são crivadas de fatos e análises contundentes, sinto que existe uma síndrome da democracia. Pois são tão pouco os brasileiros dignos que simplesmente estendo a impunidade plausível ao sistema político e público em geral. E já que você parafraseou o cronista Acord@dinho, vou citar uma cronica dele de 26/06/2017 intitulada “É HORA DE SAIR DESTA MATRIX…..”. É assim que me sinto. Como se estivesse vivendo uma realidade v irtual. E trágica. FOZ DO IGUAÇU-PR

  7. EUNICE SALUM // 1 de julho de 2018 em 23:14 // Responder

    Mais uma vez parabenizo-o pela belíssima explanação! Muito realista. Parafraseando alguém que disse: como rumo ao hexa se o país está sem rumo! O país somos todos nós; eu, estou perplexa cada vez mais com o que está acontecendo… Agora, retornando ao seu texto: eu sabia que você foi um excelente gerente, não que era um excelente escritor e um excelente cronista! (Irecê-BA).