EDITORIAL ANO I NUMERO 34 – “XIII…! NÓS ‘FOI’ PRESO, MESMO!”

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EDITORIAL ANO I NUMERO 34 – “XIII…! NÓS ‘FOI’ PRESO, MESMO!”

No jargão popular existe duplicidade de entendimento quanto à legitimidade da prática do crime; uns, mais prudentes e cautelosos, dizem que “o crime não compensa”, enquanto outros, atrevidos e gananciosos, afirmam que “o crime compensa”. Diante dessa última concepção, são capazes de tudo na busca do lucro fácil, utilizando das mais astutas artimanhas e estratégias, e julgando-se acima das leis e dos valores vigentes. É triste a constatação de que esse tipo de marginalidade hoje infesta os espaços que deveriam estar ocupados por autoridades íntegras e incumbidas exatamente de punir os criminosos. Ao contrário, num conluio sem precedentes, assaltam a nós cidadãos, descaradamente, roubando nossas consciências e metendo com gosto a mão em nossos bolsos.

A sociedade brasileira foi surpreendida dias atrás com um vasto e melancólico noticiário, no qual o áudio gravado de um diálogo jocoso, debochado e presunçoso entre um empresário e seu executivo, extravasava um amplo desejo de anarquizar com as autoridades constituídas, induzindo, inclusive, que gostaria de um encontro com o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, para dizer-lhe “que na escola que ‘tu’ estudou, eu fui professor”! Com a aparência de empresários vitoriosos e inteligentes – até mesmo na esperteza para a prática de inúmeros crimes empresariais –, com trânsito no mundo dos negócios, inclusive na área internacional, seria de se esperar um linguajar menos rude e não tão pobre no uso da língua portuguesa! Refiro-me à dupla composta pelos irmãos Joesley e Wesley, e mais o executivo do seu grupo, Ricardo Saud, cujo trio, de alta periculosidade, hoje está preso.

Desafio a quem possa recordar ter visto algo semelhante em nossa história, de alguém ter praticado tantos crimes em série, de grande impacto econômico contra Bancos e empresas do Estado, corrompendo governos e agentes públicos em troca de vantagens expressivas e facilidades que conduzissem ao enriquecimento ilícito, e por uma decisão estratégica se oferece para denunciar os cúmplices envolvidos, desde que não fosse preso, e isso tenha sido aceito e articulado por Procuradores do Ministério Público! Era um privilégio que agredia as consciências honestas deste país, finalmente reconsiderado pela Justiça!

A verdade é que, como estava, não podia ficar. Era indigno para a sociedade ter de testemunhar, diariamente, as imagens de dois empresários corruptores ativos, a circularem sorridentes e debochados, responsáveis que eram pela sangria de bilhões de reais dos recursos públicos, favorecidos pela conivência criminosa de bandidos travestidos de autoridades, deputados e senadores, e alguns governantes, receptores de muitos milhões em propinas de toda ordem.

Não defendo, apenas, a prisão desses empresários como se fosse a solução final, mas, também, de todos aqueles por eles denunciados, e após o levantamento das provas necessárias pelo Ministério Público. Obviamente que a justiça tem de ser aplicada, independentemente do cargo que os delatados exerçam ou exerceram na República, ou qual o Partido Político envolvido, porque, somente assim, através desse processo depurativo que aí está em andamento, poderemos alimentar um mínimo de esperança de que esse país ainda seja passado à limpo, e não viva, permanentemente, com a pecha de que não tem jeito!

Pouco mais de três meses faltam para se adentrar ao ano eleitoral de 2018, quando os principais cargos do Poder Executivo – Governadores e Presidente da República -, e o Poder Legislativo (Deputados e Senadores), terão os seus eleitos pelo voto popular. Naturalmente que os marqueteiros de plantão já estão articulando as melhores táticas para contornarem na mídia e nos palanques, o caráter enlameado de seus contratantes. Os candidatos novos no pleito, talvez ainda imunes aos efeitos do lamaçal, certamente não encontrarão o espaço desejado.

Deplorável é ver que a reforma política em discussão está articulada no sentido de assegurar a autoproteção e o retorno ao Congresso dos mesmos de sempre. São raposas cuidando do galinheiro! Para mim só vejo uma saída, e ela passa por nós cidadãos comuns que, enganadamente, colocamos essa corja lá em cima, nos lugares mais altos para nos representar.

Oxalá a Justiça brasileira julgue os processos a tempo de nos livrar dos ladrões de carteirinha da política nacional, bem como dos salvadores da pátria e mártires de plantão, impedindo-os de saírem candidatos a qualquer cargo!

 

 

 

 

 

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

 

 

 

Contribuição do:Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 24/09/2017

Comentários

3 Comments on EDITORIAL ANO I NUMERO 34 – “XIII…! NÓS ‘FOI’ PRESO, MESMO!”

  1. A que ponto chegamos amigo Agenor. Quando vimos o assalto nos cofres do Rio pelo governador, julgamos impossível algo de maior magnitude. Somos campeões no futebol e na malandragem: no erário público, no futebol, na área do petróleo, no samba, no agronegócio e outras milongas mais. Difícil. Parabéns por mais essa página verdadeira (Três Rios-RJ).

  2. É verdade, Grande Chefe, causa-nos profunda perplexidade o enlameado que surge a cada dia vindos dos porões antes ocultos dos poderes da República. O referido trio debochava de nossas instituições e de nós cidadãos, diante do “acordo” camarada que conseguiram fazer com o Ministério Público, mas caíram em desgraça, ironicamente diante de uma gravação, expediente no qual haviam se tornado prolíficos especialistas.
    Mas causa-me ainda mais perplexidade o silêncio das massas. Nossa sociedade parece envolvida em um certo torpor, sem capacidade de reação e vontade de ir às ruas tal como fora num passado recente.
    Imagino eu que se os gritos das ruas ecoassem neste momento, dificilmente o expediente vergonhoso e escancarado de compra de deputados com uso das benesses do Estado não surtiriam o mesmo efeito para o Planalto.
    É triste, mas a esperança não pode morrer. Mantenhamos a vigilância e que nas eleições do 2018 nos lembremos dos atores do jogo político sujo de agora. Eu lembrarei.

  3. FLÁVIO MENDONÇA.’. // 24 de setembro de 2017 em 09:22 // Responder

    Esta abordagem revela, com bastante propriedade, o quão o nível de corrupção se alastrou, a partir das esferas Governamentais, do primeiro até os mais baixos escalões dos Governos Municipais, Estaduais e Federal do nosso país. Atos que envergonham toda a sociedade de bem e de bons costumes.

    Também, acredito conforme sua finalização, que em 2018, ano de eleição, todos os atores desse triste quadro de comportamento indesejável, sejam todos, que diretamente e indiretamente, estejam ligados e/ou manchados com esse lamaçal de corrupção, passem a figurar no rol dos FICHAS SUJAS, para que não consigam, nem de longe, serem candidatos a posto político.

    O povo deverá ficar atento, temos obrigação moral de fazer mudar esse cenário ridículo que estamos vivenciando em nosso país. (Manaus-AM).

    Mais uma vez, este modesto editor do renomado mestre Agenor, deixa aqui registrado os mais elevados e sinceros parabéns por mais uma abalizada crônica, o prato predileto da gastronomia de nosso blog. Extremamente lamentável e ate deplorável a atual situação que vem enfrentando a nossa querida nação,diante dessa crise econômica, e muita mais grave politica. Nosso cenário politico está tão desacreditado que torna-se um tanto quanto difícil se encontrar um nome, até menos ruim  a ser apresentado ao eleitorado brasileiro para a gente votar para a Presidência da Republica no ano vindouro.

    Nas considerações finais, aproveito do ensejo para ilustrar este meu complemento com o o conteúdo deste scrap que trata de uma abalizada citação do nosso conterrâneo amigo, Dr Rui Barbosa de Oliveira, o grande exemplo de intelectualidade de Nossa Linda e Extensa Bahia. Atentem bem no que diz o último parágrafo da citação  do maior jurista deste pais, e tirem a conclusão de que a POLITICALHA tomou conta do nosso  cenário político nesses últimos 30/40 anos dilacerando por completo a ética e a moral de nossa combalida sociedade brasileira. Prá lá de lamentável!!    Boa Noite a tod@s.

    COLABORAÇÃO E COMPLEMENTOS DE:

    José Deusimar Loiola Gonçalves

    Técnico em Agropecuária(Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas ; Licenciado em Biologia e Pós Graduado Em Gestão e Educação Ambiental(Apicultor e Meliponicultor).
    Fones de contato: 75- 99998-0025( Vivo-Wast App); 75- 99131-0784(Tim).